19/12/2007

20. Pasquale (restaurante)

Quem me deu a dica foi a jornalista Alessandra Porro. Era uma espécie de brincadeira-desafio: descobrir lugares que não tivessem saído na Vejinha. E fomos, eu e Signora P, ao pequeno restaurante da Cônego Eugênio Leite, no quarteirão que sai do cemitério. Não tinha mais de 4 metros de largura. Um balcão à direita de quem entrava, algumas mesas à esquerda e a pequena escada que levava a uma espécie de segundo salão, com 3 ou 4 mesas. Ao todo, não devia comportar mais de 30 pessoas. Assim conhecemos o pequeno Pasquale, em meados de 2003. Seis meses mais tarde, ele foi descoberto pela Vejinha. E o resto virou história.
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Ambientação
O primeiro endereço (o da Cônego) tinha o charme de ser minúsculo, e ostentava certo improviso (inicialmente, por exemplo, os banheiros ficavam no quintal). Na verdade, ele não nasceu restaurante. Em 2001, o pugliese Pasquale Nigro queria apenas produzir e vender antepastos. Abriu uma rotisseria para servir suas sopressatas, berinjelas à barese (com aliche) e caponatas, mas os clientes começaram a pedir um complemento aqui, uns pães dali, um vinhozinho... Pronto, o restaurante estava a caminho. O sucesso o levou a buscar em 2005 um espaço maior, e a grife mudou-se para a ponta do Sumarezinho (rua Amália de Noronha, 167. Tel 11 3031.0333). O novo endereço tem dois pisos, mas quase ninguém quer ficar no andar de cima, tamanho o charme e o clima do térreo. Em dias mais quentes, as mesas do quintal (logo à entrada) são as mais disputadas.
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Atendimento
A brigada de garçons cresceu e quase sempre é muito atenta. Como o consumo de vinho na casa é altíssimo, todos poderão ajudá-lo na tarefa. Da época da Cônego, tem lá o Marcelo, que cuida dos antepastos. E, claro, tem o próprio Pasquale, sua mulher (Cleide) e os filhos (em especial Giorgio). Eles estão sempre no salão, conversando com os clientes, sugerindo pratos, vinhos, antepastos... Em poucos lugares a expressão "você se sente entre amigos" é tão verdadeira quanto ali.
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Cozinha
Bem, tem de ser a grande atração. E é. O cardápio é de trattoria, mas nada ali chegará à mesa como se a pasta estivesse mergulhada numa poça, ou em meio a uma profusão de molho branco, nem você comerá massa que não esteja al dente. Às quartas há um Cabrito com Batata e Brócolis que vale a romaria. Sextas e sábados são dias de Orecchiette à Baccalà. O restante do menu traz outras receitas simples, com bons ingredientes, feitas com correção, sem ser surpreendente -- leva um honroso 8.0/10.0. Já os antepastos... Meu Deus! Prove pelo menos três. Volte outro dia e prove mais três. Faça isso até passar por todos. Antes de se servir de vinho eu arriscaria o Gutemberg (pimenta cambuci com gorgonzola) e o Jiló Picante. Eu só abro mão dos antepastos quando peço como entrada um sanduíche Mediterrâneo fatiado (salame, queijo e alichela no pão italiano). Algumas poucas sobremesas, mas a laranjinha com queijo cremoso justifica tudo. A oferta de vinhos é generosa, eles estão climatizados e tem também sempre um leque de opções em taça.
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Orecchiette, pasta da Púglia
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Relação vinho x importadora:
Arajá 2000 (85% carignano-15% sangiovese, prod. Santadi)
77 reais. 42% mais na carta que na importadora.

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