18/08/2008

50. Vinho bom e de graça!

Ok, confesso que o título aí de cima está bem sensacionalista. Mas e seu eu disser que mesmo sendo sensacionalista é verdadeiro? Acredite. Toda terça-feira, o restaurante Matterello realiza degustações gratuitas de vinho. Isso mesmo. Se você buscar por palavras-chave tente “vinho-bom-grátis” e veja o que vai encontrar. Nada. Os convites são feitos a quem está cadastrado pelo restaurante – bom motivo para você aparecer lá para jantar.
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Na terça (12 de agosto) foram provados quatro italianos do Abruzzo – um branco e três tintos. Abruzzo é uma região de costas para o Lazio (onde está Roma), de frente para o Adriático. Os rótulos serão da Vinícola Caldora, que produz vinhos jovens, frescos, fáceis de beber e ótimos para uma primeira degustação – tecla sap: se você for iniciante, é o dia ideal. A noite foi encerrada com um tinto top da casa, o Yume, feito com 100% uvas montepulciano.
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Terça que vem tem outra. E na seguinte, na seguinte, na seguinte... Com vinhos também italianos, mas já mais robustos que os bons exemplares da Caldora, dia 19 a aula será feita com um rótulo do Chianti (Toscana) e três de Marche, do produtor Zaccagnini – um 100% sangiovese, um Rosso Conero DOC (100% montepulciano) e um Rosso Piceno DOC (60% sangiovese e 40% montepulciano).
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Tem degustação toda terça. No dia 4 de agosto, foram portugueses da boa importadora Lusitana. As experimentações gratuitas do Matterello começaram há cinco anos. Os mais desconfiados podem se questionar, suspeitosos: “Qual a vantagem que Maria leva dando vinho às pessoas?” A resposta está (como sempre) na simplicidade e na sabedoria: quanto mais gente entender de vinho, maior e melhor será o consumo.
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E aí o Matterello será sua opção. Aberto há 15 anos – fará aniversário em novembro – este restaurante produz uma comida italiana que não se encontra facilmente pela cidade. E olha que falamos de São Paulo, onde comer criações da Bota é tão inevitável quanto o trânsito intenso. Exemplos? Onde você encontra por aí Fagiole al Fiasco (foto acima, 32,40 reais)? Prato típico de antigos camponeses da Toscana, numa garrafa são colocados feijão, carne seca, bacon, lingüiça, ervas e muito azeite. A garrafa passa oito horas junto ao fogo e depois é levada à mesa. Meu caro, se você ainda não provou, trate de resolver isso logo. Uma opção mais branda e igualmente deliciosa é o Rotolo di Spinaci (32,40 reais). Uma espécie de rondeli de massa bem fina recheado com ricota, parmesão e espinafre, ao molho de sálvia, é servido com escalopinhos. É de comer de joelhos.
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Para acompanhar... bingo: vinho. E aí vem nova surpresa. Você terá 850 rótulos do mundo inteiro à disposição, com preços que chegam a 701 reais (um supertoscano do mítico Antinori) a achados de 16,90 reais (sim, você leu certo). Basta pedir ajuda ao sommelier Ednaldo Barros. O cara é fera, prestativo e vai colocá-lo na próxima degustação do Matterello.
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Publicado originalmente no blog Direto de São Paulo do portal viajeaqui.com.br, em 12/8/2008

17/08/2008

49. A cozinha que falta

Pense na cozinha de um país e provavelmente São Paulo terá um bom representante dela. Em alguns casos, é verdade, haverá poucos endereços – a cozinha grega, a legítima turca (não confunda turca com árabe, por favor) ou mesmo a escandinava estão nessa categoria. Ainda assim, há bons nomes. Mas da cozinha peruana... O que é falta grave para a cidade que se orgulha de suas opções à mesa mais do que de qualquer outro tema.
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A cozinha peruana tem sido cada vez mais incensada. Na América do Sul, além de Lima, evidentemente, tem na moderna Santiago seus melhores representantes. No Brasil, quase não há peruanos. Uma pena, porque com temperos que só se encontram lá e peixes e frutos do mar do Pacífico, os sabores são bem distintos do que temos. Um raro e brilhante exemplar de peruano está em Maceió, o Wanchako.
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Simone Bert, dona e chef, é sócia do restaurante com seu marido, o peruano José Risco Bert. Abriram o Wanchako em setembro de 1996. No começo, pegavam a bicicleta, iam para o trabalho, se enfiavam na cozinha, abriam as portas e ninguém aparecia. Nada de cliente. Como persistência e talento acabam se encontrando, o restaurante pegou. Hoje, recebe gente do país todo. Eu me incluo entre aqueles que trocaria uma tarde de praia em São Miguel dos Milagres por uma noite de comilança de ceviches no Wanchako. E olha que as praias de lá estão entre as melhores do mundo.
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Como Simone não pensa em trocar Maceió por São Paulo (aqui ela só aparece de quando em quando para dar cursos), a gente anda meio órfão.
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Ok, um post para falar de São Paulo e logo vem o chato tratar do que não se encontra? É. Mas podemos estar perto de uma boa notícia. O restaurante Astrid y Gastón, que nasceu em Lima e se espalhou por Chile, Colômbia, Equador, Venezuela, Panamá, México e Espanha, vai chegar à Argentina e deverá colocar um pé pros lados de cá entre o fim do ano e o começo de 2009 – está prometido. Não ainda com a casa mãe, o Astrid y Gastón, mas com o braço mais new look do grupo, a cevicheria La Mar. Ficará na rua Tabapuã, no Itaim. Até lá, São Paulo nos deve uma opção 100% peruana -- top 5 entre as cozinhas mais vibrantes do mundo.
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Publicado originalmente no blog Direto de São Paulo do portal viajeaqui.com.br, em 12/8/2008