22/01/2010

68. Chez Fabrice

Virei um tanto fã do Chez Fabrice. Esse lance de a Vila Madalena se tornar um polozinho de franceses me alegra muito. Para mim, ainda é a maior das cozinhas. Vou ao Lola desde o endereço 1, ainda com o Luiz Emanuel na cozinha, que hoje é da Dani e também curto muito. Tem o L'Apero, que não sei de quando é e continua firme, forte e frequentado, ali na Mourato. Aí rolou o Allez, Allez. Nem vou falar do Petit Trou (Pinheiros) e do Le French Bazar (também Pinheiros). Mas este post será para o Chez Fabrice. Dos demais falarei depois.
Fabrice Delassus é um francês magrão que quando falam de Paris se apressa em dizer que conhece mais Londres, onde morou um tempo antes de chegar ao Brasil. Seu restaurante tem pratos clássicos. Extremamente saborosos. A ratatouille é das melhores da cidade. E não exagero. O bouef bourguignon... Deus!
Os pratos principais estão na faixa dos 30, dos 40 reais, mas Fabrice adota tanto o menu executivo, no almoço (entrada + prato principal + sobremesa por 27 reais!) -- e eu pago 30 para comer nos endereços chatíssimos e sem sal do Shopping D&D ao lado da firma --, quanto a versão executiva noturna, La Formule (também inclui entrada + prato principal + sobremesa por 50 reais).
Motivo para aportar no Chez Fabrice não falta. Vou lá muito. Já provei o pato, o steak tartare, o nhoque de espinafre, os peixes, as saladas, o trio de brûlé das sobremesas. Fabrice é um anfitrião generoso. E trabalha para que você se sinta, acima de tudo, satisfeito. Sua casa, estreita e discreta (e por isso mesmo muito charmosa), fica um tanto escondida e pode passar sem ser notada. E para mim só isso explica por que ainda não esteja com gente brigando por uma mesa a qualquer hora.
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Ambiente
Adorável. O restaurante ocupa um sobrado estreito com um pequeno quintal nos fundos. A cozinha fica na parte superior. Três mesas à direita de quem entra, umas seis à esquerda e só. Busco sempre a última dessa parte, junto ao balcão do bar. Em dias de calor, tente uma das que ficam fora, são excelentes. 8.0/10.0
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Atendimento
Atento. Teve um deslize, sério, que relevei porque gosto muito do lugar. Uma noite recente liguei para saber se a cozinha estaria funcionando, responderam o horário, cheguei uma hora antes do informado, mas o restaurante estava fechando. Erro grave. Mas relevei. 7.5/10.0
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Cozinha
Eu realmente adoro a cozinha de lá. E colocaria os peixes e o boeuf bourguignon como obrigatórios. 25.5/30.0
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Final: 41.0. Média = 8.2
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Chez Fabrice. Rua Mourato Coelho, 1140, Vila Madalena (São Paulo/SP), tel. (11) 3032.4227. Terça a sábado almoço e jantar. Domingo almoço.

21/01/2010

67. Le French Bazar

Estava de bobeira domingo, a caminho do Dois, quando passei pelo Le French Bazar. Fica na esquina da Fradique com Artur de Azevedo, em Pinheiros (São Paulo). Fui com a cara do sobradinho branco e resolvi conhecer. Está aberto há uns quatro meses, segundo me informou um dos garçons. "O lugar é comandado por Karina Rapaport e Dudu Borger (ex-sócios do Allez, Allez) e pelo chef Beto Tempel", escreveu em setembro passado a querida amiga Patricia Oyama no site da Elle (leia post).
Dentro, curti. Estava quase tomada a parte de baixo do salão -- há uma espécie de mesanino e também algumas mesas na calçada. A proposta: ser bistrô. O resultado: conseguiu. Voltarei.
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Ambiente. Pequeno, aconchegante e charmoso. Sem grandes afetações. Adorei tudo. As mesas, a cadeira, as toalhas simples e brancas sobrepostas, a lousa sobre a cozinha, o corner do café-bar, as janelas e suas meia-cortinas... 7.5/10.0
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Atendimento. Garçons atenciosos, maître atentíssimo. Nos brindaram até com uma taça de um colheita tardia para a entrada escolhida por Signora P. 8.0 / 10.0
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Cozinha. Eu realmente fiquei surpreso positivamente. Esperava algo ok, mas veio um tom acima. Dispensamos o couvert (7,50 reais) para conhecermos as entradas (entre 24 e 36 reais). Signora P foi de terrine de foie gras (36 reais, deliciosa mesmo) e eu numa salada com camembert quente 'empanado' (26 reais, derretia no corte, também muito bom). Para os pratos, ela foi no blanquet de vitelo com pasta (36 reais) e eu, para testar um clássico, confit de canard (48 reais). Provei o blanquet e estava ok. Já o confit... Estava como deve ser. Ao passar o garfo pela coxa a carne desmanchava lâminas que se mantinham com a rigidez necessária -- não estavam duras, não estavam molengas. E o sabor vinha pleno. Prato para se repetir dezenas de vezes. No vinho, o português Quinta de Saes Reserva Estágio Prolongado 2006 (135 reais no restaurante, 96 reais na Mistral, diferença de 40%). Antes de sair, pedimos degustação de sobremesas (22 reais). O crème brûlé se destacou. Licor, cafés e aquela vontade de repetir tudo. Muito bom. 25.5/30.0
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Final: 41.0/50. Média = 8.2
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Le French Bazar. Rua Fradique Coutinho, 179, Pinheiros, São Paulo/SP, tel. (11) 3063.1809. Terça a sábado almoço e jantar, domingo almoço.

17/01/2010

66. La Rita all'Osteria dei Venitucci

Ando muito relapso com o blog. Poderia culpar a rotina. Mas se há culpa, é minha mesmo. E como culpa só se apaga com vingança boa, lembrei do La Rita. A história um bocado de gente já sabe. Vincenzo Venitucci, italiano que aportou no Brasil nos anos 80, começou a servir comida de sua terra na própria casa, um sobrado em Perdizes (São Paulo/SP), uma das pontas daquele pedaço que vem da Lapa, passa pela Vila Romana e Pompéia e forma um dos redutos da italianada na cidade. Logo virou aclamado restaurante. E a fama de Vincenzo também corria solta: era brabo, não aceitava combinações de pratos ou vinhos que julgasse incorretas e deixava isso claro à clientela.
Estive lá uma vez, com Signora P, e concordamos: a cozinha era tão diferenciada que se sobrepunha à geniosidade de Vincenzo. Ou era tão diferenciada justamente pela geniosidade de Vincenzo. Enfim, não importa. Fato é que a Casa Venitucci fechou sem muitas explicações. A história que ouvi, e como não pude comprovar não publico, era até meio triste. Bem, mas Vincenzo não sucumbiu e abriu há uns dois anos e meio, em 2007, o La Rita.
As surpresas começaram pela escolha do lugar. Do 'outro lado' do rio, na Zona Norte. Mas não foi nem pros lados mais aclamadinhos da Zona Norte, foi no trecho roots mesmo, na avenida Edgar Facó, que divide Piqueri, Pirituba e Freguesia do Ó. E o resultado é um lugar ao qual eu e Signora P já fomos umas dez vezes. Voltaremos mais.
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Ambiente. Simples, simples, muito simples. Um galpão que poderia ser uma oficina mecânica, mas muito claro, limpo, com cartazes de filmes pelas paredes e a cozinha, totalmente aberta, ao fundo. 7.0/10.0
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Atendimento. Uma brigada atenciosa, mas não totalmente entrosada. De toda forma, é de uma simpatia e receptividade pouco vistas. 7.0/10.0
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Cozinha. Aqui sim o La Rita ganha o jogo. Não importa o que você peça, será surpreendente, será bem feito, será único. Seja nas entradas -- a polenta com fígado de galinha e a língua que fica marinada por dias são pérolas que não se acham por São Paulo --, seja nos pratos -- das pastas às carnes, não há erro. O espaguete ao vôngole é top one para mim. Leve o vinho porque a carta é bem pequena (mesmo!) e a rolha é de apenas 15 reais. Uma dica: peça o acertadíssimo Negroni ao chegar. 25.5/30.0
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Final: 39.5/50. Média = 7.9
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La Rita. Avenida General Edgar Facó, 1127, tel. (11) 3976.0130. Terça a sábado almoço e jantar. Domingo, almoço até 17h.