03/05/2009

63. Porto Alegre - Sanduíche Voador

Um bistrozinho que não deve nada a similares no mundo, incluindo os parisienses. E o que seria um bistrozinho? Bem, na minha definição precisa ser pequeno, precisa ter poucos pratos -- lista intensa e bistrô não coabitam o mesmo endereço -- e precisa ocupar um imóvel com história. O Sanduíche Voador, apesar do nome quase sem criatividade, faz sua parte bastante bem há 18 anos. Estando em Porto Alegre damos um jeito de passar por lá. Não espere muito do cardápio. Uma entrada simples, o peixe do dia, uma boa sobremesa. E quer saber? Às vezes, isso é tudo de que precisamos.
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Ambiente. Charmoso pra caraca, naquela pracinha (Mauricio Cardoso, Moinhos de Vento) em que qualquer um de nós gostaria de morar. São poucas mesas -- algumas na calçada, sob umbrellones, algumas na sala principal, junto ao balcão do bar, e mais quatro na saleta anexa, à esquerda de quem entra. É ali, junto a uma das mesas da janela, que adoro ficar. Olhando aquele teto cru baixo, achando que Porto Alegre é a melhor cidade do mundo. 9.0/10.0
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Atendimento. Não chega a ser desatento, tem certo ar blasé em relação a quem não é conhecido, mas está de bom tamanho. 7.0/10.0
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Cozinha. Saladinhas ou crostinis para começar, poucas (e boas) opções de prato principal, outro tanto restrito de vinho. Você não vai achar que recebeu o melhor pasto de sua vida, mas também jamais sairá menos que feliz. 19.5/30.0
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Final, 35.5/50.0. Média = 7.1

62. Porto Alegre - Orquestra de Panelas

Há algum tempo visito Porto Alegre com a Signora P. Relevo certo provincianismo, que os próprios locais (pelo menos os mais esclarecidos) reconhecem. Não sei se relevo ou compartilho, porque, legítimo andreense, sou deveras bairrista, num ponto que ainda acredito que o pastel de garoupa do Garoupa, lá na Figueiras, em Santo André, é o melhor petisco de boteco do Brasil. E como não há boteco fora do Brasil, o melhor do mundo! Bem, voltando a poa, eu e Signora P estivemos por lá final de semana desses. No sábado, almoçamos no Orquestra de Panelas.
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Ambiente. Eu amo casas antigas. O sobradão na mais famosa rua do Moinhos de Vento (a Padre Chagas, 196) tem pelo meno oito décadas. Você chega, sobe a escadazinha e toca a campainha. É sensacional precisar tocar a campainha e ser recebido à porta. A decoração é limpa, e ao mesmo tempo traz reminiscências que o fazem passar um tanto pensando "quem morou ali", "como era a rotina daquela casa". Uma saudosa viagem arquitetônica. 8.5/10.0
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Atendimento. Atencioso, educado e quase sempre atento. Entre outros pequenos deslizes, por vezes eu mesmo me servi do vinho. Não me incomodo, faço isso até bastante bem, acredito. 7.5/10.0
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Cozinha. Se aqui é que conta, a casa passou com louvor. Fui de pato bordô. Com repolho e muito suculento. Todos sabem que errar no ponto do pato é mico certo. E um tantinho a mais é receita certa para deixar a carne ressecada. O repolho roxo acompanhou à perfeição. Signora P foi de bacalhau. Saboroso também, mas um tanto de sal a mais, e isso compromete qualquer bacalhau. Ainda assim, honroso 21.0/30.0.
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Final, 37.0/50.0 Média = 7.4