21/04/2009

61. A Bela Sintra

Aniversário de Signora P. Iríamos ao Due Cuochi, mas a espera estava longa mesmo sendo meio do feriadão. A gente gosta de lá, é claro, mas um número aquém do que a mídia gosta. Decidimos então apostar no A Bela Sintra. Benza Deus. Croquete, minibolinho de bacalhau, pães, caldo verde, casquinha de siri, mais pães. Vamos à parte principal com Arroz de Pato e Perna de Cordeiro com Feijão Branco. A comilança foi tamanha que perdemos a sobremesa. Não importa. Um aniversário assim é a maior das vinganças.
*
Ambiente. Classudo. Não precisa um terno e gravata, claro, mas menos que jeans é afronta. À entrada, o bar dá para um salão sóbrio, iluminado no ideal, nem muito nem pouco, como a distância das mesas. Bem, neste caso a distância podia ser um tanto maior nas que ficam à esquerda de quem entra. O que não entendi mesmo, e confesso que até me incomodou levemente, foi ver a foto da Hebe na parede. Sei não, remeteu a lugar que dá nome de celebridade a um prato. Acho isso meio chinfrim. 7.5/10.0
*
Atendimento. Atento, cordial, simpático. Realmente um ponto alto. 9.0/10.0
*
Cozinha. Difícil sair dali sem querer saber como chegaram àquela crocância do minibolinho de bacalhau, ou à consistência do caldo verde, ou como deixaram molhadinho o arroz de pato, mas sem exagero. A paleta de cordeiro, então, veio desmanchando, mas ainda consistente. E o feijão branco desprendia sabor. 9.0/10.0
*
O vinho. O alentejano Reguengos Garrafeira de Sócios 2005. Recebeu nota 16.5 (até 20.0) do bom blog português Os Vinhos. Tem na Casa Flora.
*
Final, 25.5/30.0. Média = 8.5

20/04/2009

60. Platibanda

Bar de respeito. O Platibanda é dos meus preferidos faz tempo. Não tem muito de vida, mas não se rendeu ao botequismo chique que tenta travestir a Vila Madalena de Vila Olímpia. Por isso a galera é mais roots, mais bicho-grilenta, mais intelecutal (ou metida a intelectual), mais despreocupada com o figurino e mais interessada em cerveja gelada e pratos&petiscos absurdamente deliciosos.
No campo 1, acho imbatível a rabada com polenta e agrião; no quesito 2, palmas para o canapé de linguiça crua seguido de perto pela porção de minicoxinhas de abóbora com carne seca (vem seis delicinhas que conseguem ser suculentas e secas ao mesmo tempo). Mas você terá ainda muito para se divertir. Dos tradicionais pastéis à coxinha frango ou às empadas, que ficam ali no balcão, dos grosssos caldos, como o de abóbobora, maçã e gengibre, a sandubas como o de pernil ou de filé à milanesa. Enfim, dá para ir lá só beber, ou para deixar no currículo a comezaina à Pantagruel. Dá para ir sozinho, em turma ou para namorar.
O atendimento, capitaneado por Marcelo, que fica no caixa/balcão é tão ponto alto quanto a cozinha e o ambiente. Peça copo americano -- default vêm aqueles tipo tulipas, que acho péssimos para cerveja e chope. Tenho uma equação para definir um grande bar: boa bebida (o que inclui o jeito de servi-la); 2. bons garçons (ou o cara do balcão, tanto faz); 3. o público; 4. os petiscos (ou o que houver pra comer); 5. a ambientação (o que significa tanto a interna quanto a localização). Olha, o Platibanda faz uns 4.0 a 4.5 fácil de 0.0 a 5.0.
Platibanda, rua Mourato Coelho , 1365, do lado esquerdo, logo depois de um francesinho e ao lado de um japa. Tel (11) 3034.5812. Não invade a madrugada e não abre segunda.

59. Jullia Pizzaria

Deveria ter falado do Jullia há mais tempo. Simplesmente porque freqüento o pizza-bar há uns 9 anos. O Jullia (se for "a" Jullia me corrijam) nasceu em 1996. Num miolo de Santana que, por força da ascensão imobiliária, virou Alto de Santana. Dois quarteirões para cá, três quarteirões para lá e você vê que aquilo, há 15 anos, deveria ser perifa -- perifa classe média baixa, mas perifa. Não importa. Num larguinho típico de interior, e igualmente típico da Zona Norte, foi um dos lugares que primeiro serviu chope Warsteiner em São Paulo. Mais. Foi dos endereços que mais batalhou por ingredientes de qualidade nas redondas amadas pelos paulistanos. Nada de calabresa de quinta, atum de atacado, queijo rançoso. No Jullia tudo era fresco, selecionado, bem escolhido. Como apostar em qualidade dá resultado, a casa segue incólume. E muito charmosa. Eu e Signora P o freqüentamos há nove anos. Nosso amigo Nuzzi sempre esteve lá. No domingão 5 de abril, eu e Signora P voltamos depois de meses. Por esses critérios que não têm razão, a gente elegeu o Jullia para domingos à noite. Talvez porque a volta de lá até os lados de casa, no Sumarezinho, exija conversas de meia hora no carro, o que sempre ajuda a afastar o 'bode' do domingão. Nesta noite, pedimos capricciosa (à base de escarola) + tonnata (atum com tomate) + vero itália (calabresa, mussa de búfala e azeitonas). Fui de Serra Malte. Signora P, de Coca Zero (fato inédito à minha vista). E o friozinho que bate domingo à noite pros lados da ZN embalou um revival interessante, e necessário. Jullia.

19/04/2009

58. Jean-Luc Colombo



Não conhecia, mas soube que se trata de um produtor inquieto do Rhône, que nos anos 80 mudou o jeito de a região fazer vinhos. Jean-Luc Colombo é filho de uma chéf, e sempre pensa seus rótulos servidos com comida. Amo isso. Esta semana, no Lola, eu e Signora P fomos comemorar uma conquista profissional. Pedimos um syrah, Jean-Luc Colombo, Crozes-Hermitage, Les Fées Brunes 2005 (R$ 174 na Decanter, R$ 196 no Lola). Syrah é a uva tradicional na região de Crozes-Hermitage. Foi par ideal para nossas intenções gastronômicas.

05/04/2009

57. Spadaccino, Foja Tonda & Vingança

Já falei do Spadaccino aqui (veja post 24). Almoçar lá num domingo de preguiça é programa e tanto. Mas não vale se não for com fome. Tem de ser rito: entrada, primeiro prato, segundo, sobremesa, grappa, café. Neste domingo, rolou vitel tonné (vitela bem fininha com molho de atum), ravioli com molho de queijo de cabra e figos, cotoleta de vitello (com rúcula e tomate assado), pudim, pannacotta com pêra cozida, uma garrafa de Foja Tonda, cafés e uma dose de Malvotti. Pode chamar de momento de vingança.
***
Foja Tonda Vallagarina IGT é um tinto da Albino Armani feito com uvas casetta, praticamente extintas nos anos 60 e recuperadas pelo produtor. Foja Tonda é uma variação em dialeto local para casetta. As safras 2003 e 2004 levaram dois tridentes do Gambero Rosso. No Brasil, quem traz é a Decanter. No domingo, no Spadaccino estava a R$ 98 -- e na Decanter, a R$ 96. O cultivo é manual e o vinho passa pelo menos 16 meses em madeira e outros 3 meses em garrafa. São produzidas 45 mil unidades.