13/12/2007

16. Aguzzo (restaurante)

Tenho uma teoria para prêmios. Se somos vencedores (ou amigos vencem) ele é justo e coerente. Caso contrário, é tudo parcial e sem critério. E as duas coisas estão corretas. Há premiados que põem em dúvida a sanidade do premiador. Mas há aqueles que merecem plenamente o reconhecimento. Coloque o Aguzzo nesta categoria. No próximo Guia Quatro Rodas, edição 2008, ele estreará entre os estrelados. Na cidade de São Paulo, há 74 endereços na lista -- dois têm 3 estrelas, seis têm 2 estrelas e 66 têm 1 estrela. O Aguzzo é uma criança (foi aberto em abril de 2006), só que seu dono tem muita história. Por trás do restaurante está o experiente Osmânio Rezende, com extensas passagens pelo grupo Fasano (Parigi foi o último deles) e Le Coq Hardy. Ele se juntou a dois investidores e trouxe de seu antigo emprego o chef Alessandro de Oliveira. Se você é de São Paulo, não deixe de freqüentar a casa. Se não é, não importa quanto tempo fique e quais endereços procura, vá ao Aguzzo. Ele conjuga os 3 atos que sustentam um excelente restaurante -- 1. ambientação, 2. atendimento e 3. ótima cozinha.

1. Ambientação
Localizado em Pinheiros (rua Simão Álvares, 325), na Zona Oeste de São Paulo, ocupa uma esquina junto àquele charmosíssimo conjunto de predinhos de três andares que cobre cinco quadras do bairro. A casa é pequena (não deve ter mais de dez mesas), com paredes envidraçadas, e faz mais o gênero sóbrio que o informal. Mas não se iluda. Nem há formalidade demais, nem de menos. É tudo preciso e equilibrado.
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2. Atendimento
Para mim, um dos melhores atendimentos da cidade. A sensação é que não há um funcionário cuja preocupação não seja a de fazer você se sentir bem. Vale desde a hora de recebê-lo no valet (há estilo e cavalheirismo nos rapazes que estacionam seu carro), passando pela brigada de salão e culminando, claro, na cozinha. Resumo: ali, quem é o centro das atenções não é o maître, o sommelier, o garçom, ou o chef. É você. Num sábado à noite, cheguei com a Signora P em cima do fechamento. Fomos bem recebidos e o primeiro comentário da equipe, assim que pedi uma água e o cardápio, foi um sincero "fique à vontade". Era evidente que a última preocupação era se eu demoraria ou o quanto gastaria em meu pedido.
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3. Cozinha
Nas três visitas ao Aguzzo, provei três entradas diferentes, pedi três pratos diferentes e devorei três sobremesas diferentes. Não houve um momento de decepção -- bem, talvez um: uma entrada de polenta com gorgonzola que veio quente demais, comprometendo ou o sabor ou, o maior dos desastres, a língua, impedindo que se perceba a riqueza do prato principal e do vinho. Optei por deixar esfriar a entrada já à mesa por alguns minutos. À primeira vista, o cardápio pode parecer enxuto. De novo, não se deixe enganar. Além do que habitualmente é servido, existirá um prato para aquele dia, uma sugestão de ocasião, e vale estar atento.
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Relação vinho x importadora:
Bourgogne Couvin des Jacobins 2002 (Louis Jadot)
129 reais. 70% mais na carta que na importadora.

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