24/07/2008

47. Pagando o Pato (Mercearia do Francês)

Começo este post dizendo que vou me obrigar a dar uma segunda chance à Mercearia do Francês (rua Itacolomi, 636). Ambiente, Atendimento e Cozinha. Ataque, defesa, meio-campo. Ao contrário do futebolista que chama de cozinha a defesa, a cozinha para mim é o meio-campo, lugar dos craques (quando os há). Você entenderá o que quero dizer daqui a pouco.
Ambiente -- Muito agradável, num pedaço tranqüilo de Higienópolis (bem, o cemitério da Consolação ali do lado ajuda nisso). Tipo de lugar em que dá para fazer um jantarzinho a dois, um almoço de negócios, um curto happy hour ou uma tarde de cerveja e a sensação é de que ele funcionaria bem em todas as opções.
Atendimento -- Hummm, aqui a coisa foi mal. O serviço era atento (quesito 1), cortês (ponto 2) e na velocidade certa (item 3). Mas errava no fundamental (saber atender). Falamos de atendimento, não? E saber atender implica não ficar chateado quando se pede uma jarra de 500ml de vinho (porque assim estava na carta) e ouvir um "você não quer ficar com o restinho (250ml)?" já que a probabilidade de alguém pedir aqueles 250ml do mesmo vinho era baixa; deslize 2: não ser claro com relação ao cardápio e menu do dia. Explico: fui almoçar na Mercearia do Francês dia 17 de julho com a Signora P. No cardápio não constava que havia um menu executivo, desses de almoço -- a idéia é sensacional, muito difundida na França e por um bom (e crescente) punhado de restaurantes paulistanos: o chef monta um cardápio fixo com dois ou três pratos do dia, para dar agilidade à cozinha, e cobra-se menos do que se cobraria na média dos pratos da casa (que normalmente são os preços da noite). Esse menu na Mercearia do Francês estava naquelas tabuletinhas acrílicas de mesa e, confesso, não reparei. Pedimos uma pequena sopa de entrada + cassoulet, pratos que estavam no menu executivo, mas foram cobrados depois como à la carte. Não gosto de discutir. Apenas disse ao maître sobre a falta de clareza, porque para mim nossos pedidos eram os do menu do dia e que ele cobrava como à la carte. Ele disse que o dia era outro (não explicou direito qual), deu uma de "não-é-comigo". Não gosto mesmo de discutir, disse que pagaria o que ele dizia ser o correto (3 vezes o que seria se cobrassem o menu executivo). Aí vem a conta e ainda assim errada (a mais, claro). Mas isso não é motivo para o post. Vamos à cozinha.
Cozinha -- Pedimos os pratos. A lingüiça estava ótima, o bacon vinha de todas as formas -- um naco suculento, ora crocante, alguns em cubos. O feijão, no ponto certo. A temperatura de tudo, perfeita. Destoando, a batata, um tanto encharcada (deixei de lado). E... derrapada final: o pato estava seco e, conseqüentemente, duro. Não é coisa simples fazer confit -- exige domínio do 'saber cozinhar' e exige tempo. Logo, uma maneira simples de ganhar tempo é passar pela frigideira algo que deveria cozinhar lentamente sob gordura. Às vezes o truque é bem feito. Muitas vezes, a selada completa o prato. No caso, descompletou o pato. A decepção foi grande. Confit seco é como magret 'passado': não existe. Ou não deveria existir. Mercearia, darei mais uma chance. E direi aqui como você se sairá.

Nenhum comentário: